Prezados amigos, irmãos e irmãs.
Com alegria estou chegando até vocês para uma breve reflexão, sobre a campanha da fraternidade e também sobre este primeiro domingo da quaresma.
A quaresma nos leva a refletir normalmente, em uma chamada à conversão como caminho de vida, que deve acontecer no nosso dia a dia, através da oração e dos sacramentos, aqui destacando especialmente a eucaristia, a missa, o sacramento da penitência e a oração pessoal para um maior encontro com Deus. A caridade que nos leva ao encontro com nossos irmãos e irmãs pois todos somos filhos de um mesmo Pai que ama a todos indistintamente e quer que tenhamos uma vida digna. O jejum e a abstinência como uma caminhada pessoal para dominarmos o nosso corpo, seja para vencermos o mal, o pecado ou também um cuidado para com a nossa saúde.
A campanha da fraternidade nos traz o tema: “ Fraternidade e diálogo, compromisso de amor”, e é através dele que criamos uma família, uma comunidade, uma sociedade e um mundo melhor onde haverá o respeito, a harmonia, a paz e a alegria de viver.
O lema: “Cristo nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”, sabemos que há diferenças entre nós, irmãos e cristãos mas é só Jesus Cristo que pode trazer esta união, aqui de novo na família, na comunidade, na sociedade, e especialmente entre os cristãos, para um mundo melhor sem ódio e sem guerra. Sabemos que é difícil mas é por isto que devemos lutar.
“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Evangelho de hoje e imposição das cinzas de quarta-feira.
Gn 9,8-15.
É um convite a renovar nossa aliança com Deus.
Na primeira leitura Deus se serve de pessoas íntegras, que agem com retidão, que se dispõem a colaborar com o Senhor, como Noé na tarefa de resgatar aqueles que se desviam. O texto dá a entender que a aliança entre Deus e o povo só pode ser estabelecida depois da purificação, pois supõem fidelidade e obediência por parte da grande família de Noé, símbolo do povo escolhido. A mensagem do texto é o amor incondicional de Deus, que deseja fazer aliança com a humanidade mesmo que esta se desvie. Nunca mais, no futuro, haverá dilúvio, porque Deus não quer que o pecador morra, e sim que se arrependa de seus pecados, que se converta e siga os preceitos da Lei Divina. Esta é a pedagogia de Deus para nos purificar.
1Pd 3,18-22.
A mensagem central da segunda leitura é de encorajamento aos discípulos, confrontados com provações, injustiças e hostilidades por testemunharem a fé em Jesus Cristo, a carta faz um apelo para que os irmãos não se cansem de fazer o bem, mesmo em meio aos sofrimentos. O agir do cristão deve sempre estar em conformidade com o agir de Cristo. Estabelecendo um paralelo com o dilúvio, o autor aponta para o fato de que, pela morte e ressurreição, Jesus purificou a todos.
Sua morte redentora atingiu toda a humanidade, mesmo os pecadores que conheceram o dilúvio no tempo de Noé.
Dessa forma, o autor da carta sugere que, assim como Cristo propiciou a salvação mesmo aos injustos, os batizados que nasceram do Espírito, devem dar testemunho diante daqueles que os perseguem, em conformidade com Cristo.
Mc 1,12-15.
Talvez o mais difícil em nossa vida e o mais importante é aceitar a solidão. Quando podemos nos encontrar com Deus face e conosco também quando estamos com problemas, dificuldades mas sobretudo descobrindo que temos o maior dos tesouros o amor de Deus, sua presença, e sua proteção. Nas escrituras o deserto é o lugar de prova, de tentação e de escolha de vida. Os quarentas dias de Jesus no deserto recordam os quarenta anos necessários para Israel deixar o sistema de escravidão a fim de entrar na terra da liberdade.
No tempo de Jesus, satanás era concebido como um espírito do mal, que procurava desviar as pessoas do caminho de Deus. Jesus foi tentado para se desviar de sua missão de enviado do Pai para fazer sua escolha pessoal segundo suas necessidades pessoais de momento, mesmo que tais escolhas estejam em contradição com o plano do Pai, no deserto por quarenta dias. O tentador procura induzir Jesus a entrar no jogo dos poderosos, entrando no caminho do prestígio, do poder, dos privilégios e renunciando sua missão profética de serviço e doação da vida. Jesus tem diante de si dois caminhos: ser fiel aos planos do Pai, o que quer dizer passar pela paixão e morte de cruz para construir o reino de Deus neste mundo, ou se desviar do projeto de Deus, comungando com a riqueza e os líderes do seu tempo. Ele escolheu ser fiel ao plano do Pai. Começando na periferia da Galileia. Proclamando que o tempo de Deus chegou, é tempo de construir um mundo novo, uma comunidade nova que começa a surgir em torno dele com seus discípulos. Então Jesus passa a ser servido pelos anjos.
Escutar os apelos da palavra de Deus, dos Evangelhos implica em cada um de nós discernir quais as tentações nos afastam de Deus, normalmente a escolha mais fácil não nos conduz à fonte do bem e à vida de comunhão com Deus, uma boa preparação nos fortalece em nossa luta continua de resistir às tentações em nossa vida do dia a dia e nos pôr também a serviço do Reino de Deus. É tempo de conversão verdadeira do nosso coração que se dá no dia a dia. Precisamos nos perguntar: onde estou buscando a minha felicidade? Quais satisfações me realizam? Quais as minhas realidades que me fazem perder o foco da minha vida com Deus? Lembramos que pela graça do batismo, somos chamados e conduzidos pelo Espírito de Deus a rejeitar o mal o pecado e seguir o caminho de Deus. Lembrando que os discípulos de Emaús só o reconheceram ao partir o pão, isto é, pela Eucaristia.
Bom fim de semana a todos, boa quaresma, um abraço.
Pe. Deoclesio Danielli
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